30 de dezembro de 2012

A chegada do novo

Para mim existe uma grande diferença entre o dia 31 de dezembro e o primeiro dia do novo ano. Não pelas mudanças que posso vir a implementar nos próximos 365 dias, mas porque nunca gostei de despedidas. 

Pelas minhas lembranças nunca gostei da festa do réveillon, ao contrário da maioria das pessoas ao que parece. Por outro lado, o dia primeiro de janeiro sempre me traz uma sensação de renovação, de novos projetos em prática e de muitas surpresas... Novamente, não é pelo envolvimento da campanha que se faz em torno do novo que um ano vindouro pode trazer, mas por efetivamente conseguir associar essas experiências à minha vida e às novas oportunidades que aprendi a criar, ainda no final de cada ano velho. Bons projetos para o novo ano trazem sempre sensações agradáveis a mim. Sentir-se útil, renovada, amadurecida, competente. Isso é muito gostoso! Mas pensar em deixar para trás as lembranças do que vivemos não me deixa confortável. Eu acho que sei explicar, mas ainda não me sinto disposta a me abrir sobre isso. O fato é que não gosto de réveillon. Esse clima de festa, antecipações, preparações, roupas, cabelos, sapatos, lugares, pessoas... Tudo parece mágico aos olhos de quem planeja uma entrada de ano triunfante, como se o simples fato de acreditar, sim, eles nos fazem acreditar, que tudo será muito melhor no ano que se inicia bastasse para que as mudanças acontecessem. É como se tivéssemos uma segunda chance, só que multiplicada a cada ano. Aos que a essa altura do texto já desenvolveram a teoria de que eu vivo presa ao passado e por isso não gosto de me despedir, devo informar que enganam-se inteiramente. Não gosto de reviver o passado. Na verdade tenho pavor a essa ideia. E muito menos tenho medo do  novo, da mudança. Até gosto dessa adrenalina de se jogar no desconhecido, mas na noite do dia 31, precisamente nela, sempre sinto vontade de chorar. Não me pergunte se é tristeza ou alegria, dor ou alívio... Não sei responder a essas perguntas. Apenas sinto isso e, quando vai se aproximando da meia noite, horário em que provavelmente todas as pessoas do mundo estão vibrando positivamente para si mesmas, preparando-se para a entrada do ano, eu me preparo para não deixar que as lágrimas caiam. E fico tensa, e esqueço de desejar... Sempre perco o momento exato em que deveria estar mentalizando, assim como as outras pessoas, coisas boas para a minha vida. 

De qualquer forma, não é algo que dure a noite toda. Pelo contrário, costuma passar assim como terminam de brilhar as fagulhas dos fogos de artifício no céu. Passados os estouros, as luzes, os brindes, os abraços e os votos de um lindo ano novo, volto ao natural, sem choro, sem aperto, sem tensão... Mas só me sinto verdadeiramente renovada quando o dia primeiro amanhece. Geralmente é um dia de sol, ao menos dentro de mim, onde os planos estão fervilhando ardorosamente prontos para acontecer. Não espero nada mágico na minha vida. Melhor ainda, não espero nada na vida. Gosto de correr atrás, de refletir, de renovar, de mudar. De trocar de ares, de lugares, deixar que algumas pessoas saiam e que outras entrem. Num ciclo natural e revigorante, que me faz pensar que tudo pode realmente ser diferente.

Mais um ano se passou e minhas lembranças levam experiências agradáveis e desagradáveis, que me fizeram ser quem eu sou. No próximo ano, eu desejo que as pessoas prestem mais atenção umas nas outras, que se sintam verdadeiramente solícitas, delicadas, gentis e prestativas na medida de suas condições. E que também possas ser e estar mais tolerantes, educadas, dedicadas e realizadoras de suas vontades. Donas de suas próprias rédeas, para que as simpatias possam ganhar força. Por que não ajudar o cosmos? Acreditar somente, sem sair do lugar, sem se movimentar, ainda que dentro de nossas próprias cabeças, tem se mostrado em vão. Nesse caso, quando o próximo ano terminar, podemos ter a sensação de que o ano passou rápido demais ou de que não conseguimos nada do que queríamos. Por isso, desejo que possamos acreditar no que nos faz bem, sempre na intenção de que o nosso bem não prejudique o outro. Que nossas simpatias de final de ano, as profecias, os búzios, os planetas regentes, o sol, e tudo mais a que costumamos recorrer nesse final de ano possam estar a nosso favor e que em nossas cabeças e nossos corações estejam sempre presentes as atitudes necessárias para que possamos fazer acontecer o ano de 2013.