21 de março de 2011

Ser macho nos dias de hoje - Parte I

Se mulher tem que ser gostosa, homem tem que ter pegada! E não pode ser um homem qualquer, tem que ser Homem, com "H" maiúsculo, macho pra valer! As mulheres de hoje tem se mostrado bastante exigentes nesse sentido e querem fazer valer o seu direito à liberdade sexual, assim como os homens já vinham fazendo há milhares de anos...

Esse tipo de exigência define um pouco do que é a mulher moderna e de certo modo tem invertido os papéis, antes tão bem definidos, entre machos e fêmeas na luta pela cópula e porque não, pela sobrevivência na busca por parceiros. Num contexto onde a competição por um relacionamento estável tem se tornado cada vez mais acirrada o resultado de tantas mudanças em tão pouco tempo não poderia ser diferente: uma imensa dificuldade de ambos os sexos para compreender seus papéis na incrível arte de amar.

Antes havia uma mulher dominada, os homens não tinham o que temer, mulher pra casar: casava! Tinha filhos, exímia cozinheira... Cuidava do maridinho atenciosamente e não trabalhava fora. A Amélia (ganhamos esse singelo apelido) estava à sua disposição para tudo (ou quase...) e se não os satisfizesse na cama, inclusive com performances quase proibidas para uma senhora com tantos atributos, havia outras que poderiam satisfazê-los fora de casa. Nos dias de hoje eles diriam: "Tá tudo dominado!"

Mas essa mesma  mulher foi conquistando o seu espaço e quando entrou de vez no mercado de trabalho, passou a se sentir cada vez mais independente. Uma independência que tem assustado inclusive muitas de nós mulheres. E essa independência chegou nas nossas escolhas por parceiros. Ganhamos autonomia, aprendemos a dizer quando, onde e como queremos. O motivo não interessa, nós agora podemos. E poder é algo masculino, historicamente masculino... A coisa ganhou vida de modo tão avassalador que perdemos o controle e os homens mais ainda. Medo... O meu olhar feminino me diz que esse é o sentimento. E o medo veio não muito bem acompanhado da ansiedade. Essa mocinha é danada!!! Tira qualquer um do prumo... E isso me passa pela cabeça sempre que olho nos olhos desses homens, aqueles que ainda não decidiram o que querem de suas vidas pessoais por estarem tão envolvidos com a construção de suas carreiras.

Sinto como se tivéssemos tomado o poder, como alguém que na força bruta consegue ocupar o lugar do outro. E nesse caso parece que dividir é algo impraticável e força bruta é algo que não combina com a mulher... O reflexo de tudo isso é uma dificuldade imensa em paquerar (inclusive porque a competição anda muito acirrada e homens e mulheres parecem correr contra o tempo quando o assunto é estar com alguém - assunto para um próximo post) que chegou até o lugar mais sagrado, onde o homem reinava absoluto em sua masculinidade: o sexo.

Sinto que os rapazes andam acuados pela nossa condição, a simples condição de ser mulher nos dias de hoje. Melhor, de ser fêmea - pra não parecer que estou fazendo diferença... rs. Uns apressadinhos demais, como se fosse sempre a útlima chance da vida - e como somos encantadoras quando eles se aproximam, aaahh... - outros, mal sabem como se aproximar, lhes falta atitude. E atitude é algo que uma mulher espera de um homem. Eu espero... E gosto, e quero...

Considerando que vivemos em uma sociedade machista e moralista, que não mudará tão cedo, me pergunto poque não tirarmos proveito disso. Homens e mulheres, aprendendo a conviver e aprender juntos na arte de algo que se perdeu em algum lugar no tempo: não sabemos mais como nos relacionarmos com o outro.

Penso que ser macho nos dias de hoje não é uma tarefa fácil. Um monstrinho foi criado e ganhou vida própria. Somos exigentes, intependentes, inteligentes... E isso de fato intimida.

4 comentários:

  1. Concordo com vc! Porém, acho que as mulheres também perderam o direcionamento, no sentido de que em uma tentativa de ter os mesmo direitos que os homens acabamos por nos igualar a eles. Não digo isso em um pensamento machista, acho que temos os mesmos direitos, mas acho que usamos as "armas" erradas.e agora vivemos dilemas entre trabalho e afetividade como se os dois não pudessem caminhar juntos. A questão é: viramos "super-mulheres" que nos cobramos perfeição em tudo. E se queremos ser "perfeitas" polarizamos, ou somos mulheres exigentes, independentes, inteligentes ou viramos "moças para casar" !!!

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  2. Isso dá pano para manga, minha padawan... te pergunto: se a condição humana é 100% histórica (eu não acho), e os homens são criados (ainda) pelas mães, avós, babás, empregadas, "tias" da escola, apresentadoras de programas infantis e matinais, etc, etc, como é que a condição atual de poder pode ser chamada de "machismo"?

    ora, quem educa, transmite valores e determina a maneira de ser dos jovens machos são as mulheres. É o que chama-se "seleção não-natural" de características (para usar um termo neo-darwinista). Vocês selecionam o que querem e não querem nos homens e nós seguimos o fluxo...

    assim como no caso das orquídeas e insetos a seleção, evolução e manutenção dos comportamentos acaba por ser recíproca.

    Não creio que sua visão da realidade esteja incorreta mas... acho forçoso chamar de "machismo", assim como acho foda esquecer que são as mulheres que, em última análise, escolhem os comportamentos que serão "adequados" à paquera...

    ... o lance é que as mulheres também não sabem bem o que querem. Querem pegada, querem um homem bem cuidado, querem um cara seguro, querem... querem... é o que eu chamo de complexo da Barbie. explico:

    Ao brincar de bonecas as meninas determinam todas as regras do jogo (como um mestre de RPG), mas, diferente do RPG, as personagens TAMBÉM são controladas por elas. O Ken vai SEMPRE agir como a menina quer, falar o que a Barbie quer ouvir, que vai reagir como quiser, fazer o que quiser e o Ken vai ... aceitar. Não há diálogo, apenas um infinito monólogo onde as mulheres não precisam treinar sua intuição nem sensibilidade para descobrir como trabalhar os dados de realidade do outro.

    O outro das meninas não responde. Só existe para atender aos seus desejos... e quais são eles? nem elas mesmo sabem...

    aí as meninas crescem. Aplicam o mesmo padrão a homens de verdade. Esperam que o homem, tal qual o Bob, advinhem seus desejos (que nem elas mesmas sabem ao certo quais são). Isso não tem como dar certo...

    À medida que as mulheres vão vivendo com pessoas reais, tendem a ter expectativas mais reais também (e perdoar a falibilidade do outro também). Hoje eu vivo com uma mulher real, que acredito, sente em mim uma pessoa real (e não um príncipe encantado).

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  3. Bem vinda ao mundo dos homens modernos, Roberta! é uma pressão escrotar ser como se é numa sociedade escrota como essa... tem uma música do Tom Zé que diz bem isso que vc falou:

    (do disco Estudando o Pagode)
    Vibração da Carne

    Que agora o homem sofreu,
    Foi daquele tipo de mulher
    Que no seu desespero aprendeu
    E tentando imitar
    Em atitude vulgar
    Repete o idiota do machão
    No que ele faz de pior – agora
    Por exemplo, ela no volante
    A debulhar palavrão – ó senhora!

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  4. Gostei muito da sua abordagem! E concordo que nós mulheres muitas vezes não sabemos o que queremos... Além disso, nós mocinhas, é que nos comportamos de forma machista e contribuímos muito para o que são os homens.
    Ah essas mães...

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