13 de março de 2011

Sobre obrigações e necessidades...

Ainda sobre a tão almejada felicidade, que sempre está no outro e eventualmente em nós, me ocorreu falar um pouco sobre certas obrigações sociais que devemos cumprir para sermos mais felizes ainda, pelo menos aos olhos dos que nos observam...

Uma dessas obrigações que transformamos numa urgente necessidade é o casamento, ou pelo menos um relacionamento sério que nos leve ao tão sonhado altar. Digo isso como uma pessoa de trinta, convicta de que aos olhos dos outros "tem algo de errado com ela". E posso até arriscar algumas especulações das pessoas que tanto se incomodam com a minha "solteirice", que devo admitir, já deixou de ser aguda e tornou-se crônica... rss:

"Será que é gay e não tem coragem de assumir?"
"Bonita, inteligente, independente... os homens se assustam"
"Deve ser muito exigente!"
"Não é possível, deve estar fazendo algo errado!"

Como se estar num relacionamento fosse simples, e mais, fosse igual para todos. Uma receitinha onde os ingredientes, quando misturados de maneira correta e temperados com os sentimentos mais nobres não tivesse como dar errado. Quem nunca deixou um bolo solar, o feijão queimar, o arroz secar... Eu pelo menos já sei que na cozinha não sou das melhores e se isso for comparável à formação de relacionamentos estáveis e duradouros, xiiiiii... Mas pra minha sorte, não é!!!

Quem foi mesmo que disse que para nos sentirmos completos precisamos de alguém? Creio que devemos nos sentir completos antes de tudo e aí sim, nos entregarmos a esse outro também completo para nos tornarmos parceiros nessa jornada interminável dos relacionamentos amorosos.

E digamos que conseguimos casar - êêê - (e eu acho que casar, namorar, e ter alguém ao lado não é difícil... difícil é ser aquela pessoa companheira com quem você sabe que poderá contar nas mais diversas situações, onde rola química, física e a matemática é sempre um número inteiro e natural). Todos ficam imensamente felizes, despejam todos os sonhos não realizados naquele novo casal e passam a te olhar de modo diferente (apenas especulando já que não casei...ainda... ainda?), já pensando em quando será que vem o menino?

E nós, acreditando que o grande sonho da vida de uma mulher é o de ser mãe, aceitamos a missão, ainda que em muitos casos não tenhamos certeza sobre se é isso que queremos, e reiniciamos a jornada agora para formarmos uma família "completa". Para aquelas que não querem, não podem ou não conseguem, resta a desilusão, novamente o olhar reprovador e especulador do outro "o que será que tem com ela?". Porque desde sempre, se há algum problema nessa área, deve ser com a mulher. O homem passa mais ileso por essas cobranças sociais. Reparem que um homem de trinta solteiro não está "encalhado", apenas escolhendo o momento certo. E quando esse mesmo homem se casa e brada aos quatro ventos que não quer ter filhos, não tem nenhum problema com ele...

De tudo isso o que entendo é que devemos nos conhecer bem, cada um a si próprio antes mesmo se julgar os outros, suas escolhas, preferêcias, interesses... E nos percebermos como completos na medida em que a completude seja possível, já que estamos sempre ansiando por algo que preencha "aquele vazio aqui dentro", pois isso é humano e necessário à vida. A psicanálise nos apresenta como seres em falta. Mas não podemos deixar que essa falta seja completada por qualquer elemento, satisfações alheias, necessidades do outro, como os filhos que escolhem suas profissões somente para realizar a vontade dos pais. Ninguém quer um filho formado em filosofia - já pensou o que vão dizer? - mas um advogado é motivo de orgulho, assimo como um médico ou engenheiro. Isso sim é profissão!!!

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